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O adeus à jornalista e colunista política Cristiana Lôbo

O Brasil perdeu quinta-feira (11) uma das mais importantes e influentes jornalistas de política do país. Cristiana Lôbo tinha 64 anos e foi lembrada com imenso carinho por colegas, artistas e políticos de todas as tendências.

Cristiana Lôbo completou uma carreira de mais de 40 anos de jornalismo. Sabia mesclar o tom duro e incisivo com o humor irônico nos textos, nos comentários, nas entrevistas. Uma incansável repórter em busca da notícia, desde os tempos de jornal impresso.

“A gente ficava telefonando para as pessoas, conversando, eu ia para o Congresso todo dia, circulava pelo Palácio do Planalto, como eu faço hoje, até hoje. Vou ao Congresso, vou ao Palácio, vou a cerimônias no Executivo, no Legislativo, no Judiciário e conversando com as pessoas para obter notícias”, disse Cristiana Lôbo em depoimento ao Memória Globo em 7 de maio de 2011.

Ela nasceu em Goiânia. Ainda na faculdade, começou cobrindo a política do estado, até se mudar para Brasília. No jornal O Globo, acompanhou os ministérios da Saúde e da Educação e trabalhou na coluna Panorama Político. Depois de 13 anos foi para o jornal O Estado de S.Paulo, onde assumiu a coluna política. Aí, veio a transição, do impresso para a televisão.

A estreia de Cristiana Lôbo foi na GloboNews, em 1997. Era parte do time de comentaristas do Jornal das Dez. Analisava os principais fatos da política e os bastidores do poder.

Logo parecia uma veterana nas entradas ao vivo. E o tempo foi revelando uma Cristiana Lôbo multimídia: sua densidade jornalística estava no blog “Bastidores da Política”, no g1, e no formato inovador em “Fatos e Versões”, programa da GloboNews. Ao lado de jornalistas convidados, Cristiana passava a limpo os fatos da semana e projetava os da semana seguinte.

No quadro “Papo no Cafezinho”, uma referência a conversas no café do Congresso, onde políticos transitam e a informação circula sem reservas, Cristiana revelava as “versões” dos fatos em Brasília.

“A gente faz tudo para o programa ser o mais quente possível. A gente abre mão do sábado, abre mão do que for para o programa sair bem quente e ter umas histórias bacanas dos bastidores para contar, que é o que o povo gosta de ouvir, o tal do cafezinho”, contou em depoimento ao Memória Globo em 7 de maio de 2011.

Cristiana Lôbo também foi uma das “Meninas do Jô”, quadro do programa de Jô Soares que reunia jornalistas para debater a política nacional.

“Ela tinha um sorriso de Monalisa, ela tinha uma coisa assim, tão bonita, tão assertiva, serena. Sempre de uma calma, e de uma maneira de falar maravilhosa, e passava uma simpatia, ela passava comigo uma coisa fraterna”, disse Jô Soares.

Um dos lugares preferidos de Cristiana Lôbo era o Salão Verde da Câmara, onde em dias de efervescência política a informação circula como um raio. Lá era possível ver o bastidor da notícia, a destreza com que Cristiana distribuía simpatia, contava causos com fina ironia, apurava os fatos, conversando informalmente com as fontes e corria para frente da câmera para informar os telespectadores em primeira mão.

A jornalista, sem papas na língua, tinha um jeito peculiar de criticar, denunciar e cobrar as autoridades. Era respeitada entre os políticos.
Ministros, governadores de diferentes partidos, senadores, deputados federais e prefeitos lamentaram a morte da jornalista. O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, falou sobre Cristiana Lôbo: “Quando da minha chegada em Brasília, em 2011, já fui acolhido pela Cristiana e batíamos papo semanalmente. É uma perda, infelizmente. Muito nova e todos nós lamentamos.” (G1 – Foto Reprodução)

 

 

Da Redação- Luciano Reis Notícias, via Bahia na Política