Por Luciano Reis, Radialista (DRT-8242/BA), da Redação, domingo, 25 de maio 2025- 20h20, para o Luciano Reis Notícias
Na manhã de terça-feira (20/5), foi realizada na Câmara Municipal a audiência em alusão ao Mês da Enfermagem, momento voltado à valorização e escuta das dificuldades e desafios enfrentados pelos profissionais do segmento. O evento de autoria do vereador Cláudio Abiúde (Republicanos) e que ocorreu no Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem, reuniu diversas representações da área e do poder público.
Foto – Jhô Paz/Ascom- Câmara Municipal de Alagoinhas
No discurso de abertura, o presidente da Câmara José Cleto (PSD) discursou sobre a importância de valorizar os profissionais da enfermagem por meio de eventos como este, considerando os inúmeros desafios enfrentados pela categoria, como a sobrecarga de trabalho e a luta por remuneração e condições dignas de trabalho. “Este espaço é também de compromisso com o diálogo, a escuta ativa e a construção de políticas públicas que façam jus à relevância do trabalho da enfermagem”, ressaltou.
Foto – Jhô Paz/Ascom- Câmara Municipal de Alagoinhas
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O vereador Cláudio Abiúde destacou a proximidade com a pauta, sobretudo por possuir como esposa uma profissional da área, a enfermeira Jaci Paula Xavier, que na oportunidade foi homenageada pelo parlamentar. “Esta audiência foi idealizada, primeiro, por eu ter uma enfermeira que chega cansada depois de plantões pesados. Diante dessa realidade, eu precisava realizar este momento de valorização para estes profissionais”, declarou.

Em seguida, a homenageada Jaci Paula Xavier, ao relembrar sua trajetória de mais de dez anos na profissão, destacou a vivência em diferentes realidades da enfermagem, enfatizando a importância de criar espaços de escuta para os profissionais de saúde. “Eu desejo que este seja um espaço para que esses profissionais tivessem oportunidade de fala, pois é isso que os profissionais da saúde querem tanto”, disse. Ela ainda reconheceu o papel fundamental dos técnicos e auxiliares ao longo de sua caminhada. “Foram milhares desses técnicos que me pegaram na mão, que me ensinaram, que me apoiaram. Isso porque eles também tinham o conhecimento do dia a dia, que vai além das paredes das faculdades e dos livros”.

O vice-prefeito de Alagoinhas, Luciano Sérgio (PT), expressou seu apoio irrestrito à valorização da enfermagem e destacou a importância da audiência como espaço de audição das demandas da categoria. “Se a gente não botar a boca no mundo, se não falar onde é que está doendo, não se tem diagnóstico, não se sabe que remédio dá”, afirmou. Com longa trajetória no movimento social e na política, Luciano enfatizou que a gestão atual não pretende esconder problemas, mas sim enfrentá-los com diálogo e compromisso: “Viemos para radicalizar do ponto de vista do debate, olhar no olho do trabalhador e dizer: queremos construir junto.” Ele ainda se colocou como instrumento do processo coletivo de valorização e melhoria das condições de trabalho: “Quero me colocar à disposição para acompanhar, discutir e convencer quem quer que seja da gestão pública.”

A enfermeira fiscal do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia, Daniela Barboza, destacou em sua fala que os profissionais ausentes na audiência não faltaram por falta de interesse, mas por reflexo da sobrecarga de trabalho enfrentada pela categoria. “É para essa enfermagem que está descansando hoje que eu estou aqui, exercendo minha função e lutando por essa categoria que salva vidas a cada segundo, baseada na ciência e na tecnologia”, afirmou.
Rogério Ribeiro, coordenador administrativo do Núcleo Regional de Saúde do Nordeste, fez uma analogia entre a enfermagem e o cuidado materno, destacando o compromisso e a dedicação dos profissionais da categoria. “Assim como nossas mães cuidam com afinco, a enfermagem cuida das pessoas em todos os lugares”, afirmou. Ele resgatou a importância histórica de Florence Nightingale e Ana Nery, pioneiras da área que considera basilar. “A enfermagem é a base do nosso trabalho, conduzindo e gerenciando serviços essenciais em 34 municípios”.
A diretora do Hospital Regional Dantas Bião, Indaiane Rosário, destacou a importância de reconhecer e valorizar a enfermagem por meio da escuta ativa e da criação de condições dignas de trabalho. “Cuidar de alguém é também entender que o profissional precisa ser cuidado”, afirmou. Ela chamou atenção para o perfil da categoria, majoritariamente feminina, e para o desgaste enfrentado pelas profissionais diante de jornadas exaustivas, defendendo a aprovação da PEC 19 que visa estabelecer que o piso salarial dos enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras corresponda a uma jornada máxima de trabalho de trinta horas semanais. “Nós não somos máquinas, somos seres humanos, e precisamos, para cuidar bem, ser bem cuidados também”, declarou.
A coordenadora de Enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Janine Lopes, agradeceu a oportunidade de participar da audiência e reforçou a importância da visibilidade para a categoria. “Muitos não estão aqui porque estão descansando após plantões exaustivos. Mas mesmo ausentes, também querem ser ouvidos e valorizados”, afirmou. Representando a equipe macrorregional que atende 33 municípios, destacou a presença da enfermagem em diversos espaços – da atenção básica à UTI, do SAMU à Vigilância – e defendeu a ampliação de momentos como aquele. “Somos a maior categoria da saúde e precisamos de mais espaços como este, não só hoje, mas sempre”, completou.
Laize Costa, Diretora Geral da Policlínica Municipal de Alagoinhas, emocionou-se ao falar da profissão que escolheu ainda na infância, inspirada pelos pais e demais referências da enfermagem local. “Desde sempre, essa era a única certeza que eu tinha na vida: ser enfermeira”, declarou. Com 22 anos de dedicação à área, destacou a capacidade de reinvenção, criatividade e técnica da categoria, que assume múltiplas funções no cotidiano dos serviços de saúde. “Precisamos de um olhar atento às nossas necessidades diárias, pois todos os dias deixamos nossas casas para cuidar do outro — e, nesse processo, muitas vezes, adoecemos. Também precisamos ser cuidados”.
A coordenadora de Enfermagem do Hospital Materno Infantil de Alagoinhas, Fernanda Santos, emocionou-se ao relembrar sua trajetória na saúde, que começou como teleatendente do SAMU. “Não me arrependo por um segundo da minha profissão”, afirmou, destacando a influência dos enfermeiros em sua formação desde os primeiros passos. Vinda de uma família de educadores, escolheu a enfermagem por paixão e gratidão. Hoje, está na Diretoria de Urgência e Emergência de três importantes equipamentos da rede municipal: o Hospital Materno, a UPA e o SAMU. Reconheceu o apoio dos colegas de equipe e reforçou: “Sem os profissionais que estão à frente, eu não daria um passo”.
A coordenadora de Enfermagem da UPA, Kaliane Caribé, destacou o início dos trabalhos da nova unidade e o papel essencial da equipe na linha de frente do atendimento. “Somos ainda um equipamento novo, mas que já mostra sua identidade e coragem no dia a dia”, afirmou. Ela ressaltou os desafios da rotina, especialmente no acolhimento dos usuários, na orientação sobre prioridades e na atenção às demandas. “Nosso trabalho começa na porta, explicando, orientando, acolhendo – e é ali que enfrentamos os perrengues diários da nossa categoria”.
Representando a Atenção Básica em Saúde, a enfermeira Lorena Dantas compartilhou sua vivência nos dois extremos em que se estende seu trabalho. “Vejo do nascer ao morrer todos os dias. E estar aqui é um privilégio. Nós somos o verdadeiro órgão pulsante da engrenagem da saúde: estamos no cuidado diário, com olhar atento e atuação baseada na ciência”, declarou.
O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Alagoinhas (SINPA) e ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde Ênio Estevam pontuou os principais desafios enfrentados pelos profissionais, especialmente no que diz respeito às condições de trabalho nos postos de saúde. “É essencial garantir materiais e estrutura adequados nas unidades de saúde para que os profissionais possam atender com dignidade”, afirmou. Também tratou da questão dos plantonistas que, segundo ele, carecem de vale-alimentação adequados para a jornada de trabalho. “A legislação garante vale-alimentação a cada oito horas de serviço, porém, aqueles que trabalham em plantões de 24 horas, precisam ter o pagamento proporcional de três vales, e infelizmente esbarramos várias vezes nesta discussão”.
A vereadora e também ex-presidente do Conselho de Saúde, Juci Cardoso (PT), fez referência ao pronunciamento da diretora do Hospital Regional Dantas Bião, ressaltando a questão de gênero presente nas violências sofridas pelas profissionais da enfermagem no exercício de suas funções. “Os desafios são imensos, e nós precisamos ter a coragem de tocar na ferida, tratando das violências de gênero que vocês estão submetidas na atuação da profissão e nos mais diversos locais”, declarou. Em seguida, propôs a criação de um instrumento de escuta, se estendendo ao ambiente virtual, para que profissionais da enfermagem possam elencar, junto ao poder legislativo e executivo, as demandas prioritárias do segmento. “Esta audiência sai com o objetivo de unir o legislativo e o executivo para a escuta de toda categoria e assim tratar das demandas de forma adequada, observando os limites do planejamento orçamentário”.

Já o vereador Caio Ramos (Progressistas) recordou que, desde a pandemia do Covid-19, os profissionais da enfermagem tiveram maior visibilidade, mas que ainda se faz necessário “cuidar de quem cuida”, referenciando o Instituto Vida e Saúde – ao qual o parlamentar é vinculado e dispõe de acompanhamento psicológico e de massoterapia para os profissionais voluntários. “Os profissionais da enfermagem também precisam de cuidado, neste sentido, coloco o Instituto à disposição dos técnicos e enfermeiros do município para que também tenham este acompanhamento e que assim tenham as suas vidas melhoradas”, afirmou.

Por fim, o líder da bancada de situação e também enfermeiro José Edésio, ressaltou o contentamento em situar-se na intercessão entre o parlamento e a categoria da saúde, também pelo fato de o Hospital Regional Dantas Bião estar na gerência de uma enfermeira, profissão que, segundo o parlamentar, há mais de quatro décadas vem sendo formada em Alagoinhas. “A gestão nasce, na área da saúde, a partir da enfermagem e eu, como um dos pioneiros na profissão, estive presente quando o município iniciou o primeiro curso de auxiliar de enfermagem”, declarou. Aproveitou também para recordar avanços alcançados pela categoria em legislaturas passadas. “A enfermagem é a arte-ciência de gente que cuida de gente. Não podemos nos afastar disso, pois o sentimento de quem exerce essa profissão é saber que seu exercício humanizará as demais pessoas”.

Participação
Após as falas dos componentes da mesa, houve a palestra ministrada pela enfermeira do Núcleo Regional de Vigilância e Saúde Engracia Lima, sobre o tema “Da Enfermagem de Florence ao Mundo Digital: caminhos percorridos”, abordando, por meio de uma retomada histórica, os principais marcos da profissão, bem como os desafios atuais marcados pela inserção dos recursos tecnológicos. “Atualmente, somos mais de 2,8 milhões de profissionais de enfermagem no Brasil, sendo 85% de mulheres e mais da metade composta por técnicos e auxiliares”, declarou. “Mesmo após a pandemia, que impulsionou o surgimento de diversos aparatos tecnológicos – como os cursos de capacitação on-line –, ainda enfrentamos desafios como carga horária excessiva, baixa valorização salarial e violências no ambiente de trabalho”.
A enfermeira, frente aos desafios e inserção da tecnologia no pós-pandemia, comemorou a recente proibição do Ministério da Educação e Cultura à graduação em Enfermagem na modalidade de Ensino à Distância. Em seguida, parafraseando o escritor paraibano Ariano Suassuna, identificou o profissional de área de saúde como aquele que possui vocação para lidar com o ser humano e que acredita poder entregar o melhor de si. “A arte da enfermagem não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte, para mim, é missão, vocação e festa”, declarou.

Na participação do público, a representante das técnicas de enfermagem do Hospital Regional Dantas Bião Claudineia Lúcia Pinto compartilhou um relato pessoal sobre sua trajetória e o significado da profissão em sua vida. “Eu sou novinha na área da enfermagem, mas é uma luta que abracei. E, pra mim, é um dom. Hoje, o que me realiza é o cuidar”, afirmou. Ela também destacou avanços recentes na gestão do hospital, enfatizando a importância do diálogo com os profissionais da linha de frente. “Estamos vivendo uma realidade que, em 17 anos, eu nunca vi. Hoje temos um colegiado, contato direto com a direção, e estamos sendo ouvidos — desde a higienização até a portaria. Em três meses, vimos mudanças reais.” Encerrando sua fala, fez um apelo aos profissionais da saúde: “Nós técnicos precisamos ser ouvidos. Não queremos embate, queremos escuta”.

Nos encaminhamentos, o vereador Cláudio Abiúde agradeceu as contribuições que possibilitaram a realização da audiência, ressaltando a proposta de estabelecer um espaço de escuta às demandas dos profissionais da enfermagem, oriunda do pronunciamento da vereadora Juci Cardoso. Então, salientou o objetivo de toda e qualquer audiência pública. “Essa é a importância maior de um evento como este: usar os relatos e pronunciamentos que surgem para que possamos pleitear a melhora das condições de vida da população”, concluiu.
Para assistir a sessão na íntegra, clique no link: TV Câmara Alagoinhas
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Da Redação- Luciano Reis Notícias, via Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas