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‘Ser bancário no interior é um ato de bravura’, diz funcionário após vivenciar ataques

“Tenho medo. Quando vejo qualquer reportagem, leio qualquer coisa, a sensação é muito ruim, de saber que colegas estão passando por isso”. O relato é de alguém que já sentiu na pele, por duas vezes, a angústia de ter o seu local de trabalho atacado. Bancário há quinze anos, o funcionário preferiu não se identificar, mas contou ao Jornal da Metrópole os detalhes do que viveu. A nova onda de ataques, traz de volta a sensação de medo.

“Às vezes você tem que mudar a rotina de sua vida, tem que chegar no trabalho em um horário diferente, tem que ir pra casa por um caminho diferente. Ficar atento a qualquer sinal. Você deixa de ter uma vida tranquila e passa a viver uma realidade que você não conhecia. Ser bancário hoje em cidade pequena é um ato de coragem, de bravura”, conta o profissional sobre os episódios que viveu entre 2013 e 2014 trabalhando em uma das duas únicas agências bancárias da cidade de Mundo Novo no interior baiano.

No primeiro episódio um ataque à luz do dia, com direto a chegada em bando e tiros para o alto. Os funcionários das duas agências, que ficam frente a frente, foram feitos de reféns para garantir a ação que durou cerca de 1h. “Eles chegam em carros grandes, dando tiro pra cima e fazem o assalto durante o dia mesmo. Colocaram todo mundo pra fora e fizeram a gente de escudo humano deles. Foi terrível”, recorda. O segundo ataque aconteceu na calada da noite e explodiu as duas agências, deixando a cidade por meses sem atendimento.

Se o assalto dura pouco mais de uma hora, os efeitos talvez sejam permanentes. Segundo o bancário, dois anos depois da ação colegas ainda pediam afastamento por não conseguir lidar com a sensação de insegurança e outras consequências. “O período pós assalto é angustiante. Qualquer barulho que pareça um tiro causa um pânico na gente. Durante algum tempo alguns alarmes falsos de assalto ocorreram e foi como estouro de boiada, todo mundo saindo correndo. É uma situação extremamente traumatizante”, lembra ele, que diz que o próprio banco tem costume de transferir funcionários para tirá-los do local do trauma. “Só a inteligência da polícia para enfrentar eles. Ir para o confronto com um efetivo tão pequeno é difícil quando eles vêm armados com fuzis e escopetas”.

 

Da Redação- Luciano Reis Notícias, com Metro 1